Assim que a gravidez é anunciada, surgem as dúvidas sobre como conciliar a gestação e o trabalho. No geral, os cuidados são simples e essenciais para a saúde da mulher e do bebê. “A grávida não está doente, mas deve fugir de qualquer atividade que deflagre mal-estar”, afirma o obstetra José Rezende Filho, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Primeiro, comunique a gravidez à empresa tão logo confirmada. Isso porque alguns tipos de atividades são prejudiciais, como serviços com esforço físico intenso ou exposição a substâncias tóxicas (trabalho com produtos químicos), que podem levar ao mau desenvolvimento do feto.
Ao longo da gestação, mantenha uma regularidade alimentar no ambiente de trabalho – embora mereça maior atenção nos primeiros três meses, quando a grávida está se adaptando à nova fase. “A mulher não pode passar muito tempo sem comer”, diz a obstetra Lucila Evangelista, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A cada duas ou três horas, ingira alimentos leves e nutritivos, como salada de frutas e lanche natural. Dica: deixe uma garrafinha de água em cima da mesa para ajudar no consumo do líquido.
Evite permanecer longos períodos na mesma posição, principalmente no final da gravidez. “Isso permite a melhor circulação do sangue nos membros inferiores, onde as veias já estão sobrecarregadas pela compressão exercida pelo útero”, explica Rezende Filho. A cada duas horas, faça uma pausa para caminhadas curtas, como ir beber água ou ao banheiro. Existe o mito de que grávida não pode subir escada. Na verdade, a prática conta como uma boa atividade física para a mulher. O que não pode é subir dez andares correndo, por exemplo.
Além disso, o exercício intelectual prolongado leva ao estresse, extremamente prejudicial à gestante. Ele diminui produção do líquido amniótico (fluído que envolve o embrião), importante no desenvolvimento do pulmão da criança, por exemplo.
Depois do parto, a funcionária contratada tem, por lei, 120 dias para cuidar do bebê (é a chamada licença maternidade). Ao retornar ao trabalho, nada de atividade física pesada, especialmente após a cesariana, que exige uma recuperação mais intensa. Vale ressaltar que problemas de saúde nesse período, geralmente, não estão relacionados a gravidez ou parto.
De acordo com Rezende Filho, do ponto de vista médico, após duas semanas do parto normal ou cesárea, nada impede que a mulher retome as atividades profissionais. No entanto, como essa fase ainda envolve muitas adaptações (sono, amamentação, cansaço), ele alerta que dificilmente a pessoa conseguirá retomar completamente o trabalho no ritmo normal.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e as principais entidades de defesa da criança recomendam alimentar o bebê exclusivamente com leite materno até, no mínimo, os seis primeiros meses de idade. Para a mãe que retornou ao trabalho depois da licença-maternidade, a dica é fazer reservatórios de leite materno, através de uma bombinha própria para retirar o alimento, que pode ser colocado no congelador por 15 dias até o consumo.